Artigos

O mercado imobiliário e a concepção da arquitetura pós pandemia

Por Patrícia Gracindo

Muito se especula sobre quais serão as diretrizes para a retomada do mercado imobiliário e da construção civil num ambiente pós pandemia.

Devido ao desemprego e falta de comprovação de renda, como será possível o financiamento de imóveis?

Os bancos disponibilizarão linhas de crédito de maior risco, com menores parcelas e flexibilidade de ampliação de contratos?

E os locadores, darão carência para a retomada dos aluguéis ou partirão para uma modalidade de participação de lucros, tipo os shoppings centers?

Os empreendimentos para média e baixa renda devem sofrer alterações significativas.

Pensemos em construções mais limpas, com menos detalhes, mais “clean”.

Você consegue se lembrar dos prédios antigos, com apartamentos grandes, corredores largos e a única área de lazer disponível eram os playgrounds?

Observe os empreendimentos atuais com piscina, sauna, academia, quadras poliesportivas, no conceito “clube”: todos estes ambientes agora fechados e onerando os custos de condomínio.

O receio de utilização destas áreas será um fator determinante para os lançamentos imobiliários.

Os empreendimentos de luxo são mais valorizados, mas numa esfera muito mais restrita e não devem ser considerados como uma possível alavancagem imobiliária.

Poderíamos até imaginar um cenário de leve retração se considerarmos que as salas de alto padrão nos famosos endereços comerciais cujos ocupantes trabalham neste momento na modalidade home office, sem prejuízo de produtividade.

Seria o momento de as corporações repensarem nos seus custos administrativos e operacionais?

Já estamos discutindo em alguns grupos de construção civil, avaliação de imóveis e perícias, sobre a nova modalidade de construção civil: redução de vagas de garagem e ampliação de bicicletário e escaninhos para armazenamento de objeto não higienizados; instalação de tomadas nas garagem para recarga de veículos, bicicletas, patinetes; transformação de complexos corporativos para espaços co-working ou ponto de encontro de equipes em home working; impulsionamento de empresas de limpeza, lavagem veicular, desinfecção de ambientes, e o mais discutido: construções com lavabos logo na entrada, para possibilitar a higienização do visitante.

Diante de tantos questionamentos, um fato é certo: vamos acompanhando ao longo dos próximos anos mudanças no estilo arquitetônico, na concepção de projetos e mudanças significativas na forma de trabalho.

Patrícia Gracindo Engenheira Civil, consultora de empreendimentos imobiliários e proprietária da PGE Ambiental.

Imagem: Folha de Ribeirão Pires

Patrícia Gracindo

Engenheira Civil

Mais lidas agora

Mais Artigos